Lideranças do Cordão de Ouro teriam cometido abusos contra crianças e adolescentes desde a década de 1970, segundo relatos e informações de promotora de justiça do Ceará.
1 de junho de 2021
14:59
Alice Maciel, Andrea DiP, Mariama Correia
 
Depoimentos apontam que professores se aproveitavam da confiança dos alunos para praticar abusos 
Crianças e adolescentes seriam forçadas a fazer sexo com mestres em troca de viagens 
Ministério Público do Ceará abriu investigação contra lideranças do grupo Cordão de Ouro por denúncias de abuso e estupro de vulnerável 
Mestres de um dos maiores grupos de capoeira do país, o Cordão de Ouro, são denunciados por ao menos 15 pessoas de abusar sexualmente de crianças e adolescentes entre 11 e 18 anos. A Agência Pública teve acesso exclusivo a procedimentos criminais e conversou com homens e mulheres que teriam presenciado ou sofrido abusos em Fortaleza (CE), São Paulo (SP) e Taubaté (SP). 
 
O grupo Cordão de Ouro tem academias de capoeira credenciadas em mais de 30 países. 
 
Relatos e documentos colhidos pela reportagem revelam que mestres teriam se aproveitado da vulnerabilidade, admiração e confiança de seus alunos, que os viam como ídolos ou até como figuras paternas, para praticar violências sexuais. Mensagens e áudios aos quais tivemos acesso indicam que alguns casos teriam sido acobertados por membros da direção do grupo. A Pública teve acesso também a um vídeo no qual aparece um dos mestres se masturbando em um ônibus. 
 
Desde o ano passado, o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) investiga lideranças do Cordão de Ouro por denúncias de abusos e estupro de vulnerável – como a lei brasileira tipifica a relação sexual com menores de 14 anos. De acordo com a promotora de justiça do MPCE Joseana França, cinco vítimas fizeram acusações “contra vários mestres”. Os nomes de todos os envolvidos não foram divulgados pelo órgão para não comprometer as investigações, mas o fundador do grupo, Reinaldo Ramos Suassuna, mais conhecido como mestre Suassuna, estaria entre os acusados, segundo vítimas que relataram à Pública ter prestado depoimento.